sexta-feira, 31 de março de 2017

Felizmente Há Luar! de Luís de Sttau Monteiro


Classificação: ⭐⭐⭐⭐

Um dos livros de leitura obrigatória para o 12º ano, aqui em Portugal (apesar de no próximo ano o programa de Português do 12º mudar e substituírem este livro por outro), é Felizmente Há Luar!, do escritor e dramaturgo Luís de Sttau Monteiro.

O livro, escrito de forma a ser representado em palco, relata um episódio da história de Portugal, para ser mais exata, o clima de opressão, injustiça e desigualdade entre as classes sociais, que se vivia em 1817, após das Invasões Francesas e a retirada do Rei e da sua comitiva para o Brasil.

Utilizando personagens que existiram realmente e outras que são ficcionais, mas que representam, de uma forma geral, alguns membros da população da altura.

A história gira em torno do General Gomes Freire de Andrade (que existiu realmente), apesar de este não aparecer na peça, é constantemente referido pelas personagens que entram em cena. Algumas delas (as classes mais pobres) encontram em Gomes Freire de Andrade a esperança da liberdade e da justiça tão ambicionada, outras, pelo contrário, vêem uma ameaça ao poder.

O livro encontra-se dividido em dois atos, mas a separação das cenas não está explícita, podendo ser reconhecida pelo leitor, se este estiver atento às didascálias sobre a mudança do foco da luz, entrada ou saída das personagens. Durante o primeiro ato as classes que tem o poder, vêem-no ameaçado e procuram averiguar um possível “culpado”, que lhes possa eventualmente roubar o poder e criar a desordem na sociedade de monarquia absoluta que se vivia na altura. No final do primeiro ato, este “culpado” (que não tem culpa, mas constitui uma ameaça), é encontrado e preso, durante o segundo ato, acontece o seu julgamento, mas não sem antes, acompanharmos a luta de quem faz de tudo para o ver livre e que daria a sua vida para o libertar (Isto pode estar um pouco confuso, mas não quero dar spoilers a quem quer ler o livro, por isso, não estou a dizer os nomes).

Apesar deste livro se passar no ano de 1817, tem o objetivo de fazer o público refletir e comparar o tempo da história com o seu tempo atual, uma vez que o livro foi escrito em 1961, o tempo que se vivia em Portugal era o regime Salazarista, que tinha bastantes semelhanças com o tempo da história do livro. Usando este truque, o autor consegue criticar o regime Salazarista, dando a conhecer outro tempo da história de Portugal, mas infelizmente, esta peça não foi autorizada pelo Estado Novo a ser representada em Portugal.

Geralmente, quando tenho de ler um livro por causa da escola, acabo por não gostar muito, na maior parte dos casos é por não estar habituada aquele tipo de linguagem na literatura, ou pela história em si que não me consegue cativar. Neste caso, a linguagem era um pouco formal de mais, para o meu gosto, mas estava a gostar até meio do primeiro ato, depois comecei a não gostar nada, estava confusa com as personagens e a leitura não estava a fluir bem. A partir do segundo ato, melhorou bastante e a leitura começou a fluir muito melhor.

Um dos pontos mais positivos deste livro é, sem dúvida, as várias citações de que gostei bastante! Estou a pensar, inclusive, em fazer um pequeno post, só com as citações deste livro. As metáforas que encontramos ao longo do livro, assim como o sarcasmo das personagens, é fabuloso!

O final do livro é comovente, não cheguei a chorar, porque não choro facilmente com os livros e pelo facto deste livro ter apenas 140 páginas, não me apeguei assim tanto aos personagens, mas se assistisse a ele, como representação teatral, era possível que deixasse cair uma ou duas lágrimas!

É um livro pequeno e rápido de ler, por ser escrito com a finalidade de ser representado em palco. A linguagem pode ser um pouco complicada para pessoas que não estão habituadas a uma linguagem mais formal, ou que não entendem o que se quer dizer por de trás de uma metáfora ou de uma fala cheia de sarcasmo, mas ainda assim, acho que vale muito a pena dar uma oportunidade a este livro!

 
Beijinhos e boas leituras!

 
Lia ❤
 
 

sábado, 18 de março de 2017

Dicas Para Escrever Ficção: Processo da Escrita

Este é o segundo post sobre escrita de ficção e irei falar um pouco sobre o processo da escrita em si, se ainda não viram o primeiro post que saiu no mês passado, é só clicar neste link http://euliaeleio.blogspot.pt/2017/02/dicas-para-escrever-ficcao-introducao.html, lá dei uma introdução à escrita.

Quando se escreve, há algumas coisas que se deve dar especial atenção, como por exemplo o enredo e as personagens. Para além de tentar criar algo nunca criado, o enredo deve captar a atenção do leitor, não ter nem demasiada informação, nem ser muito monótono. Quanto aos personagens, devem ser bem caracterizados e com personalidade própria (Definir as características e gostos de cada personagem antes de começar, auxilia bastante na hora de escrever.). Uma dica que o escritor Fernando Évora referiu sobre os personagens, é que não devem de todo, serem baseados em pessoas que conhecemos, porque “perdemos o controlo dos personagens, quando nos baseamos em alguém na hora dos criar”. (Eu já cometi esse “erro” antes e não concordo totalmente com a afirmação que o escritor fez, mas quando cometi o tal erro, não tinha a intenção de publicar a história, e na altura, a escrita foi a maneira que encontrei de me conseguir expressar.)

Uma coisa bastante comum nos livros é o início deles começar a meio do enredo, isto é, quando abrimos o livro e começamos a ler, percebemos que estamos a meio de algum acontecimento, que desconhecemos a sua natureza, mais tarde, são nos apresentados “flashbacks” (voltar rapidamente a alguns acontecimentos passados, sendo estes, inseridos no momento atual, através (na maior parte das vezes) das lembranças das personagens).
Uma parte com que se deve ter cuidado é na escolha das palavras certas para a sinopse do livro. Não deve conter muitos spoilers, mas deve contar o suficiente para conseguir prender a atenção do leitor, e levá-lo a querer ler o livro. Eu sei que há pessoas que não tem o hábito de ler a sinopse antes de comprar o livro, mas também sei que há muitas que o fazem, pelo que é sempre bom o escritor se preocupar com essa parte, caso ela esteja a seu cargo.
O tempo na literatura é bem diferente do da “vida real”, dependendo da forma como o escritor escreve determinada parte da história, e da intensidade ou destaque que ele lhe pretende dar. Por isso, é possível encontrar dois minutos da “vida real”, em cinco páginas, ou dez anos em dois parágrafos. Este é um truque que está à disposição do escritor e que enriquece bastante a obra, quando é bem utilizado.
Alguns escritores acham que é necessário referir tudo o que a personagem fez no dia, por exemplo, a personagem almoçou, e da parte da tarde o escritor não sabe o que ela possa ter feito, mas entende que ela tem de ter feito algo, e fica a pensar em atividades possíveis, para “preencher” esse espaço na vida da personagem. Mas isto não é necessário, isto é algo facultativo (e completamente dispensável), para o enredo principal da história. Acaba por se tornar um pouco cansativo para o leitor, se o escritor contar todos os passos da personagem.
Há muitos casos, em que não é preciso que o escritor seja explícito em alguma ação que a personagem fez, descreve apenas algumas atitudes da personagem e deixa o leitor imaginar o resto sozinho. Por vezes o que o escritor não escreve, tem mais impacto, do que aquilo que ele escreve.
Dentro deste assunto do enredo, há um ponto em que é necessário falar: as coincidências. Elas existem não só na vida real, mas também na literatura, porém é preciso ter algum cuidado com elas. Se o escritor as colocar para “salvar” a sua personagem, criando coincidências pouco prováveis (porém, possíveis de ocorrer), o leitor tem tendência a não aceitar e achar que o escritor fantasiou muito, se meteu em sarilhos e arranjou uma forma quase incoerente de sair deles. Por outro lado, se o escritor criar uma coincidência para “tramar” a personagem, o leitor acaba por achar compreensível, aceitado bem, que algo do género pudesse acontecer.
Espero que tenham gostado deste segundo post sobre escrita de ficção e que estas dicas vos estejam sendo úteis.
 
Beijinhos e boas leituras!
 
Lia ❤
 

domingo, 5 de março de 2017

Primeiro Aniversário do euliaeleio

Hoje o euliaeleio faz um ano! E para comemorar esta data, pedi sugestões no instagram, de modo a fazer um post especial. Agradeço desde já a todas as pessoas que me deram sugestões, foram ideias maravilhosas! Não irei fazer todas neste post, mas as que não fizer hoje, estão anotadas, para posts futuros!

Neste post decidi apresentar-me melhor e contar um pouco da trajetória do euliaeleio e da minha vida como leitora.

Para quem não sabe, o meu nome verdadeiro é Liliana, mas prefiro que me chamem de Lia (este nome resulta de Liliana, sem as duas primeiras e as duas últimas letras.). Nasci e vivo em Portugal, no litoral alentejano. Tenho 18 anos. Gosto de tocar viola e faço parte de uma banda de pop/rock. Estou no 12º ano do curso de Artes Visuais. A fotografia é umas das minhas grandes paixões e a maquilhagem é outra. Sou uma pessoa perfecionista, organizada e que valoriza cada vez mais as pequenas coisas que existem e os bons momentos que acontecem.

Quando era pequena, não ligava muito aos livros, mas numa apresentação de português (em que tínhamos de ler um livro e apresentar à turma), quando tinha mais ou menos 11 anos, uma colega minha escolheu o livro “7 irmãos – Maria, os segredos da irmã mais velha” e falou tão bem deste livro, que fiquei com muita vontade de ler. Depois de o ter lido, seguiram-se mais livros desta coleção (apesar de até hoje não a ter concluído, como acontece com todas as coleções de livros que leio), mais tarde conheci outros livros maravilhosos e nunca mais parei de ler (e de comprar) livros.

Na minha família e no meu grupo de amigos, não existia ninguém que gostasse de ler e por vezes (mais na família), gozavam por eu ler tantos livros e estar sempre a comprar livros, ou pedir livros de presente, quando fazia anos. Confesso que me sentia sozinha. Sentia a necessidade de falar sobre livros com alguém, de indicar os livros que gosto a alguém, de receber dicas de livros. Quando tinha 16 anos, comecei a passar para o papel as histórias que iam surgindo na minha cabeça, foi então que descobri que a escrita me fazia muito bem. Poucos meses depois dos meus 17 anos, decidi que talvez seria uma boa ideia juntar a escrita com os livros, criando um blog literário. Comecei por pensar num nome para o blog e então surgiu o “euliaeleio” (que significa: “eu” “lia” àeu sou a Lia; “e” “leio” à e gosto de ler; mas também tem outro sentido: “eu” “lia” àsujeito (eu) + o verbo “ler” no pretérito imperfeito do indicativo; “e” “leio” à “e” + o verbo “ler” no presente do indicativo), inicialmente, escrevia “eu LIA e leio”, mas como em algumas redes sociais, o nome não pode ter espaços, comecei a escrever tudo junto e gostei do resultado, por isso ficou “euliaeleio”.

Quando comecei com o blog, não conhecia ninguém, comecei do zero, neste mundo literário. E com o tempo, fui percebendo que apesar de não ter muitos seguidores no blog, ou no instagram, tinha feito amigos. Já não me sentia sozinha e tinha pessoas com quem falar de livros e fazer leituras em conjunto.

Durante este ano, em que tive o blog, houve coisas maravilhosas! Conheci vários blogs literários que admiro bastante. Participei em desafios organizados no instagram, eu própria organizei um desafio no mês de janeiro (o #euliaeleio1fotopordia), fiz parte da organização de uma maratona literária, com três pessoas maravilhosas a Mia (do blog Mia estante literária), a Day (do blog Lendo 1 bom Livro) e a Suelen (do blog Dias de Leitores). No início deste ano, dediquei-me ao visual do blog e mudei o layout e o logotipo. Tentei melhorar cada vez mais as fotografias que tiro e os posts que faço. Comecei a alargar o conteúdo do blog, com os posts de dicas de escrita de ficção, graças ao workshop que fiz.

Não ligo muito aos números, mas já que estou a falar deste primeiro ano do blog, vou fazer um levantamento: Neste ano, o blog atingiu 82 seguidores, no instagram são 280 e no facebook 74. No total o blog teve 2 211 visualizações, fiz 14 resenhas e 5 tags. Estes números não teriam importância se não tivesse amigos com quem partilhar o gosto pelos livros, porque isso, é o mais importante.

Espero que tenham gostado de me conhecer melhor e qualquer pergunta que tenham, deixem nos comentários!

Beijinhos e boas leituras!

Lia ❤

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