quarta-feira, 31 de maio de 2017

Meu Coração e Outros Buracos Negros de Jasmine Warga

Classificação: ⭐⭐⭐⭐⭐

Meu Coração e Outros Buracos Negros é um livro (maravilhoso) que aborda o tema do suicídio e o tema da depressão, maioritariamente.

O livro conta a história de uma adolescente de 16 anos, a Aysel, que vive com a mãe, o padrasto e os seus dois meios-irmãos mais novos. Ela estuda e tem um trabalho a meio tempo numa empresa de telemarketing. Sofre com depressão e pondera a ideia de vir a cometer o suicídio. Enquanto trabalha, costuma aceder a um site chamado “Passagens Tranquilas”, onde pretende encontrar um parceiro de suicídio.

Roman é um rapaz de 17 anos e que à partida não tem nada de comum com Aysel Tem uma família que o adora e tem vários amigos à sua volta, mas tal como Aysel, também sofre com depressão e também frequenta o site “Passagens Tranquilas”, em busca de um parceiro para atingir o seu objetivo: o suicídio.

Aysel e Roman conhecem-se neste site e planeiam cada pormenor do seu próprio suicídio juntos, escolhendo a data de 7 de abril para o concretizar. Começa então uma contagem regressiva para o dia em que todo o sofrimento de ambos irá terminar.

Apesar de já ter lido alguns livros com a temática do suicídio que são fantásticos, este pareceu-me espetacular, porque a toda a hora, sentimos como a depressão afeta realmente as pessoas e como a “lesma preta” que existe dentro delas as ataca e as corrói por dentro, matando cada emoção positiva que pudesse existir e isso é algo que, na minha perspetiva, a autora soube trabalhar muito bem.

Para além desta forma maravilhosa que a autora escolheu para abordar o tema do suicídio, quase tudo me parece realista e autêntico, pudendo, talvez, o final ter-se desenvolvido um pouco rápido de mais do que deveria (não irei alargar-me nesta minha opinião sobre o final, para evitar dar spoilers).

A narrativa é muito fluida, prende o leitor à história e a autora consegue dar muitos (usando uma expressão do Português do Brasil) “tapas na cara” do leitor.

A quem procura um romance fofinho, pode esquecer este livro, porque este não é o tipo de livro em que ambos sofrem, conhecem-se e, num piscar de olhos, tudo fica maravilhosamente bem. Este livro não romantiza o suicídio, até porque na realidade, sabemos que não basta que a pessoa entre na nossa vida e todos os problemas desapareçam. Falando mais concretamente neste livro, não basta que a Aysel e Roman se conheçam para que o motivo pelo qual eles pretendem morrer desapareça de um momento para o outro. E este é sem dúvida um dos pontos mais positivos do livro.

Por fim, esta história deixa-nos uma mensagem de esperança: A quem está a passar pelo mesmo, mostra que não estão sozinhos; A quem assiste a alguém que possa, eventualmente, estar a passar pelo que a Aysel ou o Roman passam, ensina que devemos estender a mão e oferecer ajuda, em vez de ficarmos calados, só por não sabermos como abordar a situação, ou simplesmente desvalorizar esta doença, até porque a depressão é algo da qual é difícil sair sem ajuda de alguém.

Meu Coração e Outros Buracos Negros foi um livro que me levou à reflexão e me fez compreender ainda melhor este tema, cada vez mais abordado na literatura: o suicídio e as causas que nos levam a cometê-lo.

Espero que tenham gostado e que, se tal com eu adoram ler livros com esta temática, deem uma oportunidade a esta leitura, porque estou certa de que não irão arrepender-se.

Beijinhos e boas leituras!

Lia

domingo, 21 de maio de 2017

diz-lhe que não de Helena Magalhães

Classificação: ⭐⭐⭐⭐⭐
 
Sabem aquela altura em que leem um livro tão bom, mas tão bom que quando vão para escrever a crítica para o blog, não fazem ideia por onde começar? Pois bem, estou exatamente nessa situação.
 
Desde o primeiro dia em que vi o livro “diz-lhe que não” na lista de pré-lançamentos da wook (sim, costumo frequentar bastante esta secção), que me despertou a atenção e me fez clicar no ícone da capa para ler a sinopse. Talvez me tenha chamado à atenção pelo facto de a capa ser da minha cor preferida, ou pelo tipo de letra que escolheram para o título ser fantástico, porém não foi só a capa que me fez comprar o livro, mas também a sinopse dele.
 
Não tenho o hábito de colocar as sinopses nas resenhas, mas não há regra sem exceção, e acho mesmo que esta sinopse vale mesmo a pena ler:

[ SINOPSE

«Conheço muitas mulheres que escolhem ficar em relações de merda porque é muito mais fácil viver assim do que enfrentar o mundo sozinhas. Do que terem de continuar a procurar. Talvez essas relações só sejam de merda aos meus olhos. Talvez, para elas, sejam exactamente aquilo que procuram. Mas eu não nasci para isso. Nasci para amar (e ser amada) profundamente. Vou continuar a procurar, mesmo que continue a cair de cabeça no chão. Vou sempre dizer sim ao amor. Às borboletas no estômago. Às pernas a tremer. Quero viver todas as sensações que o amor me puder oferecer.
E nunca, nunca, nunca me vou contentar com menos do que isso. Neste livro cada Capítulo corresponde a uma história. Poderia dizer-vos que são ficcionais, mas não são. Se são 100% reais? Também não. Porque, por vezes, fantasiar um pouquinho aquilo que vivemos torna-nos mais felizes.»

Helena acredita no amor, apesar das relações fast-food que muitas vezes sente na pele.
Enquanto homens como o Sem Cojones, o Flash, o Velho, o Poeta ou o Telecomunicações vão passando pela sua vida sem deixar nada para contar a não ser histórias caricatas e, por vezes, inverosímeis, Helena continua à procura sem se deixar cair na tentação de se acomodar. Ao seu lado as suas amigas Beatriz, Olívia e Laura também vivem relações marcadas pela traição ou pelo abandono, mas sempre com a ideia de que um dia o «Mr. Right» vai aparecer. A jornalista Helena Magalhães, num registo irónico e actual, apresenta-nos um livro que nos faz reflectir sobre as relações amorosas nos dias de hoje em que as redes sociais marcam o ritmo e as juras de amor são feitas por Whatsapp, os «amo-te» vêm em forma de fotografia pelo Instagram ou que os ex-namorados e as ex-namoradas dos ex-namorados convivem alegremente no Facebook, assistindo à nossa vida como se de uma novela se tratasse.
Porque o amor é mais do que isto e há que dizer «não» até que a vida nos dê a entender que chegou o momento de dizer «sim». Um «sim» apaixonado, confiante e absoluto. ]
Ficaram curiosos para ler o livro, agora que já leram a sinopse? Na altura, eu fiquei e não foi pouco. Confesso que uma das coisas que me fez querer ler o livro foi a perspetiva que conhecemos da autora (ao ler a sinopse), em relação ao amor. A perspetiva dela, choca de frente com a minha, pelo menos aquela que eu tinha antes de ler o livro, porque esta leitura acabou mudando a forma como eu vejo o amor e encaro as relações românticas.
Um livro escrito pela dona do blog The Styland (http://www.thestyland.com/), que também é jornalista e defensora de que o amor não é isto que conhecemos, mas sim “outra coisa”. Helena Magalhães acaba por ser uma grande influência para muitas mulheres do século XXI.
 
Acho que já deu para perceber que não estamos perante um romance “sessão de sábado à tarde”, mas sim perante um livro de “empowerment emocional, uma história de e sobre amor”, classificado pelas livrarias como um livro de crónicas.
 
Ao longo do livro, a Helena, juntamente com as suas amigas, vão passando e vivenciando várias experiências românticas, umas correm melhor do que as outras, mas todas elas trazem consigo algum ensinamento. Percebi que aquilo que eu já passei não aconteceu só comigo, que não fui a única a agir ou a me sentir de tal maneira, aprendi a ver o amor e as relações de uma maneira diferente e aprendi tanto, mas tanto com este livro, que irei guardá-lo sempre com muito amor e carinho e irei reler vezes sem conta, cada um dos ensinamentos que eu marquei com post-it. Além disso, estou a passar por uma fase menos boa, no que diz respeito ao amor e tenho a certeza que, de certa forma, este livro ajudou-me bastante a superar as coisas (que ainda não foram superadas, mas que um dia serão), a pegar nos cacos do meu coração partido, tentar colá-los e seguir em frente.
 
As metáforas que a escritora utiliza, são brilhantes, e funcionam perfeitamente para passar a mensagem desejada. Aliás, funcionam melhor do que provavelmente funcionaria se dissesse diretamente aquilo que quer dizer.
 
A forma como os homens aparecem no livro, quase sempre sem um nome próprio, como é o caso do Sem Cojones, o Flash, o Velho, o Poeta, o Telecomunicações, entre outros, dá a sensação de que eles não representam apenas uma pessoa, em vez disso representam várias pessoas que são assim, que tem os mesmos defeitos que eles tem. E acho que isto foi intencional, porque ao dar um nome ao personagem, estamos a individualizá-lo e calculo que não seja essa a intenção da autora.
 
E para juntar a todos estes pontos positivos, este livro é dotado de uma narrativa que é capaz de prender o leitor desde a primeira página. Tem uma linguagem clara, corrente e com alguns palavrões pelo meio (mas aviso já que são poucos e ditos no momento certo, creio que como que uma forma de desabafo) e que flui muito bem. No final fica aquele gostinho de “quero mais!”, mas que nos deixa de coração cheio.
 
Este livro não podia ter vindo em melhor altura e só tenho a agradecer a esta pessoa maravilhosa, a Helena Magalhães por o ter escrito e por me ter ensinado que o amor é outra coisa.
 

Beijinhos e boas leituras!


Lia
 

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Tag: Perguntas Literárias

Trago-vos uma tag que encontrei no blog “Beco Literário” (se quiserem ver as respostas desse blog à tag, aqui está o link: http://becoliterario.com/tag-perguntas-literarias/), pelo que vi, os créditos são do blog “Como Respirar”, mas não encontrei o link. A tag consiste em responder a nove perguntas sobre este universo literário.
 
 
1.       Qual é a capa mais bonita da sua estante?
 
Tenho vários livros com capas que adoro, por isso, é um bocado dificl escolher o que tem a capa mais bonita. Então escolhi o livro “Puros” de Julianna Baggott, a título de exemplo.
 
2.       Se pudesse trazer um personagem da ficção para a realidade, qual seria?
 
Se eu pudesse, traria o Maxon de “A Seleção” de Kiera Cass ou qualquer um dos meus cruchs literários.
 
3.       Se pudesse entrevistar um autor (a), qual seria?
 
Gostaria imenso de entrevistar a escritora (e jornalista) Helena Magalhães (autora do livro “diz-lhe que não”, mas não seria uma tarefa fácil, uma vez que ela está por dentro no que toca a fazer entrevistas.
 
4.       Um livro que você não leria de novo? Por quê?
 
Com certeza eu não leria de novo o livro “Os Maias” de Eça de Queiróz, uma vez que, foi uma leitura que fiz por obrigação para a aula de Português. E aqui entre nós, ninguém gosta de ser práticamente obrigado a ler um livro de 750 páginas, não é? (Se alguém tiver curiosidade em ver o post em que falei deste livro, é só clicar no link: http://euliaeleio.blogspot.pt/2016/04/os-maias-de-eca-de-queiroz.html)
 
5.       Um casal?
 
Um casal que adoro e que é super fofo são a Eleanor e o Park do livro da Rainbow Rowell com o mesmo nome dos personagens. (Já fiz resenha dele aqui no blog, se alguém quiser ver: http://euliaeleio.blogspot.pt/2016/11/eleanor-park-de-rainbow-rowell.html)
 
6.       Dois vilões?
 
O Voldemort e a Dolores Umbridge são dois dos que me vêm logo à cabeça quando penso em vilões. Por vezes, até fico sem saber qual destes dois é o pior! (Até agora ainda não consegui terminar de ler Harry Potter, mas já fiz resenha dos cinco primeiros livros e se quiserem saber o que achei deles, aqui está o link http://euliaeleio.blogspot.pt/search/label/J.%20K.%20Rowling)
 
7.       Um personagem que você mataria?
 
Acho que mataria qualquer um dos dois personagens da resposta anterior, mas acho que seria ligeiramente mais fácil matar a Umbridge do que o Voldemort, por isso, escolheria-a a ela.
 
8.       Se pudesse viver em um livro, qual seria?
 
Eu nunca iria para um livro de terror, mas também é um género que eu não leio nem conheço muito. Acho que escolheria o livro “A Minha Vida é um Filme – A Estreia” da autora Paula Pimenta, porque adorava conhecer a Fani e todos os seus amigos e porque a história passa-se em Belo Horizonnte, no Brasil (um país que eu adoraria visitar um dia!)
 
9.       Qual o maior e o menor livro da sua estante?
 
Estive a contar as páginas dos meus livros maiores e o que tem mais é o livro “Crepúsculo – Edição Especial do 10º Aniversário – Vida e Morte, Crepúsculo Reimaginado” da autora Stephenie Meyer. Já o livro mais pequeno que tenho é “O Quidditch através dos tempos” da autora J. K. Rowling.
 
Esta foi a tag, espero que tenham gostado e quem quiser fazer, esteja à vontade! Se fizer, deixe o link do seu blog nos comentários que eu vou ter todo o gosto em ir lá ver!

Beijinhos e boas leituras!

Lia ❤

domingo, 30 de abril de 2017

Memorial do Convento de José Saramago

Classificação: ⭐⭐

Memorial do Convento, um livro de Saramago, um autor que ganhou o prémio Nobel da Literatura no ano de 1998 e que dispensa apresentações.
Realizei esta leitura porque é uma obra de leitura obrigatória de 12º ano na disciplina de Português. É também um livro que não faz o meu género, de todo, por isso o mais provável era nunca o ter lido por livre e espontânea vontade.
O livro fala da promessa que o rei D. João V fez: a de mandar construir um convento de franciscanos, porque um deles lhe tinha dito que a rainha teria um filho, se o rei prometesse isso. O que é certo é que no período de um ano (tempo estipulado pelo rei para a concretização da promessa) a rainha engravidou. Paralelamente a este enredo, temos a história de um casal, Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas, membros do povo, que nos mostram o contraste entre a relação deles e a relação do rei com a rainha.
Enquanto a preparação da construção do Convento de Mafra é feita, Baltasar e Blimunda são convidados pelo padre Bartolomeu Loureço a fazer parte da construção da sua máquina de voar, a “passarola”.
Toda história tem em si, uma crítica das condições dos trabalhadores do Convento de Mafra e também uma grande carga simbólica, como é o caso da “passarola”.
Não achei que a narrativa me conseguisse prender à história, porque facilmente me distraía a ler e havia partes da história em que não compreendia o que se estava a passar. Acabou por se tornar uma leitura arrastada, o que não é nada bom.
A narrativa do autor é bem peculiar e original, sendo um “contador de histórias” acaba por optar em não seguir as regras da estrutura comum na literatura. As falas dos personagens, por exemplo, são seguidas umas das outras sem que exista o normal “ponto final, parágrafo, travessão”, são apenas separadas por vírgulas e iniciadas por letras maiúsculas.
Reparei que, pelo menos neste livro do autor, ele enumera com muita frequência as coisas, acho que com o objetivo de reforçar a ideia que quer expressar, mas na minha opinião é informação desnecessária e que acaba por entediar o leitor.

Uma característica que nunca tinha encontrado, até hoje, em mais nenhum autor, é que aparentemente do nada, o narrador dá-nos spoiler de um acontecimento futuro. Reparei que aconteceu pelo menos duas vezes, e era um spoiler referente à morte de um personagem (neste caso de dois personagens), mas essa morte só é consomada passados uns meses.
Saramago faz imensas referencias a personagens e a momentos da obra Os Lusíadas de Luís de Camões e também faz constantemente, referencias a Deus e à religião cristã, e como pessoalmente, não sou uma pessoa católica praticante, não gostei muito de ver tantas referencias a este tema.
Mas nem tudo são pontos negativos, o autor tem o dom de usar a ironia de uma forma espectacular, assim como o sarcasmo, satirizando as diferenças que existem entre as classes mais baixas e as classes mais altas, não deixando nunca de lado este dualismo entre elas.

Este foi o segundo livro que li deste autor e confesso que até gostei da leitura do primeiro, inclusive, já fiz resenha dele aqui no blog: http://euliaeleio.blogspot.pt/2016/03/o-conto-da-ilha-desconhecida-de-jose.html

Espero que tenham gostado do post, e se tiverem curiosidade em saber mais opiniões sobre este livro, a Mariana do blog “Banal Girl” (http://the-banal-girl.blogspot.pt/) também leu recentemente e fez resenha dele no seu blog! (É só clicar neste link para ler: http://the-banal-girl.blogspot.pt/2017/05/memorial-do-convento-resenha.html#more)
Beijinhos e boas leituras!

Lia ❤
 

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