domingo, 23 de abril de 2017

Dicas Para Escrever Ficção: Pormenores Importantes e Revisão da Escrita


Há uma diferença entre “contar” e “mostrar” a história ao leitor. Quando o leitor “mostra”, geralmente, a narrativa é feita em 3ª pessoa e o escritor é mais objetivo em relação ao que se passa na história. Por outro lado, quando o escritor “conta” a história, fá-lo normalmente em 1ª pessoa, acabando por ser mais subjetivo naquilo que relata.
O escritor deve ter um cuidado redobrado em relação à “verosimilhança”, deve escrever coisas que sejam plausíveis e que poderiam muito bem ser verdadeiras. Não deve fantasiar demasiado, para que o leitor não tire a conclusão de que aquilo não poderia ser algo possível de ocorrer na realidade. Os “anacronismos” também merecem atenção, por parte do escritor. “Anacronismos”, para quem não sabe, ocorrem quando as pessoas, eventos, palavras, objetos, costumes, sentimentos, pensamentos e outras coisas que pertencem a uma determinada época são erradamente retratados noutra época Deve-se adequar os objetos que estão presentes na história, com o século em que a história se passa. Não criando incongruências, no que diz respeito a se dado objeto já tinha sido inventado em determinada altura.(Como exemplo de anacronismo, podemos considerar, o uso de um telemóvel no século XIX).
O escritor também deve chamar as coisas pelo seu devido nome (por exemplo chamar “cordas” aos “cabos” que os marinheiros usam). Mesmo que o escritor não seja muito entendido na “matéria”, tem a obrigação de fazer uma pesquisa sobre o tema antes de o inserir na sua escrita. Deve levar o leitor a respeitar o seu trabalho, pelo que o escritor não ficaria bem visto, se o leitor apanhasse algum erro deste tipo.
A língua portuguesa já é por si só uma língua complicada, pelo que temos de ter muito cuidado com as palavras que usamos e com os erros ortográficos que possam eventualmente ocorrer. Hoje em dia, o escritor tem à sua disposição muita informação e ajuda na internet. Caso existam dúvidas em relação ao significado de alguma palavra, ou ao seu contexto, o escritor pode aceder a dois sites, que são muito bons: “ciber dúvidas” (https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/) e “Priberam” (https://www.priberam.pt/dlpo/).
Deve-se ter cuidado e não abusar na pontuação, principalmente nos pontos de exclamação, nas vírgulas e nas reticências. Também não é bom utilizar em demasia os pronomes pessoais (eu, tu, ele, ela…). Ter um vocabulário alargado ajuda bastante na hora de escolher as palavras certas.
Não é muito aconselhável que o escritor use muitos chavões, isto é “frases feitas”, na sua escrita (por exemplo: “É alto como uma torre”; “Fala como um papagaio”). Isto acaba por demonstrar falta de originalidade.
Pelo menos cá em Portugal existem “ditados populares”, frases que os portugueses tem o hábito de dizer há muito tempo. Esses ditados também devem ser evitados na escrita.
Deve-se evitar utilizar palavras ritmadas (que rimam) na prosa, porque acabam por distrair e confundir o leitor. O escritor também não deve utilizar muitos exageros (por exemplo: “Estás todo sujo!”, caso tenha caído um pouco de molho em cima da roupa da personagem, ela não fica toda suja)
Alguns escritores começam por descrever algo e depois dizem simplesmente que é “indiscritível”, tudo pode ser descrito e o papel do escritor é descrever o que se passa ao redor da personagem, não pode dizer que algo é indiscritível.
Na parte dos diálogos o escritor deve evitar utilizar sempre a palavra “disse”, seguida de cada fala de cada personagem, trocando-a por outras palavras ou oprimindo-a quando a sua utilização não é necessária para que o leitor entenda quem está a proferir a fala. Um autor que sabe utilizar bem os diálogos na escrita e nos serve de exemplo é Eça de Queiroz.
É bom evitar repetições de palavras, algumas delas costumam ser bastante comuns e vale a pena gastar algum tempo a rever o que se escreveu, verificando, por exemplo, se a palavra “mas” está muito repetida e caso esteja, deve ser substituída por palavras como “todavia”, “porém” e “contudo”.
Durante a revisão, para além de dar atenção à palavra “mas”, é bom dar também à palavra “assim”. Saber quando se deve utilizar a palavra “há” (vem do verbo “haver” e pode ser substituída pela palavra “existe”, não alterando o sentido da frase) e a palavra “à”. Deve-se verificar se se escreveu “ter que”, em vez de “ter de” que é a forma correta. Ter cuidado e não abusar dos adjetivos, nem usar palavras "caras" em demasia, o que acontece em muitos casos, como intuito de se mostrar que se tem esse vocabulário.
Este será o último post de "Dicas Para Escrever Ficção" (pelo menos por enquanto, quem sabe, daqui a uns tempos eu volte com mais posts neste estilo). Espero muito que tenham gostado e que estas dicas tenham sido úteis e tenham aprendido alguma coisa com elas. Qualquer dúvida que tenham, digam-me nos comentários, ajudarei no que souber!
Caso não tenham visto ainda os outros dois posts que fiz sobre Escrita de Ficção, consultem estes links:
 
Agora é só pegar num lápis e num papel, ou abrir uma folha do Word no computador e começar a soltar a imaginação!
 
Beijinhos e boas leituras!
 
Lia ❤
 

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