Classificação: ⭐⭐⭐⭐
Um dos livros de leitura obrigatória para o 12º ano, aqui em
Portugal (apesar de no próximo ano o programa de Português do 12º mudar e
substituírem este livro por outro), é Felizmente Há Luar!, do escritor e
dramaturgo Luís de Sttau Monteiro.
O livro, escrito de forma a ser representado em palco,
relata um episódio da história de Portugal, para ser mais exata, o clima de
opressão, injustiça e desigualdade entre as classes sociais, que se vivia em
1817, após das Invasões Francesas e a retirada do Rei e da sua comitiva para o
Brasil.
Utilizando personagens que existiram realmente e outras que
são ficcionais, mas que representam, de uma forma geral, alguns membros da
população da altura.
A história gira em torno do General Gomes Freire de Andrade
(que existiu realmente), apesar de este não aparecer na peça, é
constantemente referido pelas personagens que entram em cena. Algumas delas (as
classes mais pobres) encontram em Gomes Freire de Andrade a esperança da
liberdade e da justiça tão ambicionada, outras, pelo contrário, vêem uma ameaça
ao poder.
O livro encontra-se dividido em dois atos, mas a separação
das cenas não está explícita, podendo ser reconhecida pelo leitor, se este
estiver atento às didascálias sobre a mudança do foco da luz, entrada ou saída
das personagens. Durante o primeiro ato as classes que tem o poder, vêem-no
ameaçado e procuram averiguar um possível “culpado”, que lhes possa
eventualmente roubar o poder e criar a desordem na sociedade de monarquia
absoluta que se vivia na altura. No final do primeiro ato, este “culpado” (que
não tem culpa, mas constitui uma ameaça), é encontrado e preso, durante o
segundo ato, acontece o seu julgamento, mas não sem antes, acompanharmos a luta
de quem faz de tudo para o ver livre e que daria a sua vida para o libertar (Isto
pode estar um pouco confuso, mas não quero dar spoilers a quem quer ler o
livro, por isso, não estou a dizer os nomes).
Apesar deste livro se passar no ano de 1817, tem o objetivo
de fazer o público refletir e comparar o tempo da história com o seu tempo
atual, uma vez que o livro foi escrito em 1961, o tempo que se vivia em
Portugal era o regime Salazarista, que tinha bastantes semelhanças com o tempo
da história do livro. Usando este truque, o autor consegue criticar o regime
Salazarista, dando a conhecer outro tempo da história de Portugal, mas
infelizmente, esta peça não foi autorizada pelo Estado Novo a ser representada
em Portugal.
Geralmente, quando tenho de ler um livro por causa da
escola, acabo por não gostar muito, na maior parte dos casos é por não estar
habituada aquele tipo de linguagem na literatura, ou pela história em si que
não me consegue cativar. Neste caso, a linguagem era um pouco formal de mais,
para o meu gosto, mas estava a gostar até meio do primeiro ato, depois comecei
a não gostar nada, estava confusa com as personagens e a leitura não estava
a fluir bem. A partir do segundo ato, melhorou bastante e a leitura começou a
fluir muito melhor.
Um dos pontos mais positivos deste livro é, sem dúvida, as
várias citações de que gostei bastante! Estou a pensar, inclusive, em fazer um
pequeno post, só com as citações deste livro. As metáforas que encontramos ao
longo do livro, assim como o sarcasmo das personagens, é fabuloso!
O final do livro é comovente, não cheguei a chorar, porque
não choro facilmente com os livros e pelo facto deste livro ter apenas 140 páginas, não
me apeguei assim tanto aos personagens, mas se assistisse a ele, como
representação teatral, era possível que deixasse cair uma ou duas lágrimas!
É um livro
pequeno e rápido de ler, por ser escrito com a finalidade de ser representado
em palco. A linguagem pode ser um pouco complicada para pessoas que não estão
habituadas a uma linguagem mais formal, ou que não entendem o que se quer dizer
por de trás de uma metáfora ou de uma fala cheia de sarcasmo, mas ainda assim,
acho que vale muito a pena dar uma oportunidade a este livro!
Beijinhos e
boas leituras!
Lia
❤