domingo, 30 de abril de 2017

Memorial do Convento de José Saramago

Classificação: ⭐⭐

Memorial do Convento, um livro de Saramago, um autor que ganhou o prémio Nobel da Literatura no ano de 1998 e que dispensa apresentações.
Realizei esta leitura porque é uma obra de leitura obrigatória de 12º ano na disciplina de Português. É também um livro que não faz o meu género, de todo, por isso o mais provável era nunca o ter lido por livre e espontânea vontade.
O livro fala da promessa que o rei D. João V fez: a de mandar construir um convento de franciscanos, porque um deles lhe tinha dito que a rainha teria um filho, se o rei prometesse isso. O que é certo é que no período de um ano (tempo estipulado pelo rei para a concretização da promessa) a rainha engravidou. Paralelamente a este enredo, temos a história de um casal, Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas, membros do povo, que nos mostram o contraste entre a relação deles e a relação do rei com a rainha.
Enquanto a preparação da construção do Convento de Mafra é feita, Baltasar e Blimunda são convidados pelo padre Bartolomeu Loureço a fazer parte da construção da sua máquina de voar, a “passarola”.
Toda história tem em si, uma crítica das condições dos trabalhadores do Convento de Mafra e também uma grande carga simbólica, como é o caso da “passarola”.
Não achei que a narrativa me conseguisse prender à história, porque facilmente me distraía a ler e havia partes da história em que não compreendia o que se estava a passar. Acabou por se tornar uma leitura arrastada, o que não é nada bom.
A narrativa do autor é bem peculiar e original, sendo um “contador de histórias” acaba por optar em não seguir as regras da estrutura comum na literatura. As falas dos personagens, por exemplo, são seguidas umas das outras sem que exista o normal “ponto final, parágrafo, travessão”, são apenas separadas por vírgulas e iniciadas por letras maiúsculas.
Reparei que, pelo menos neste livro do autor, ele enumera com muita frequência as coisas, acho que com o objetivo de reforçar a ideia que quer expressar, mas na minha opinião é informação desnecessária e que acaba por entediar o leitor.

Uma característica que nunca tinha encontrado, até hoje, em mais nenhum autor, é que aparentemente do nada, o narrador dá-nos spoiler de um acontecimento futuro. Reparei que aconteceu pelo menos duas vezes, e era um spoiler referente à morte de um personagem (neste caso de dois personagens), mas essa morte só é consomada passados uns meses.
Saramago faz imensas referencias a personagens e a momentos da obra Os Lusíadas de Luís de Camões e também faz constantemente, referencias a Deus e à religião cristã, e como pessoalmente, não sou uma pessoa católica praticante, não gostei muito de ver tantas referencias a este tema.
Mas nem tudo são pontos negativos, o autor tem o dom de usar a ironia de uma forma espectacular, assim como o sarcasmo, satirizando as diferenças que existem entre as classes mais baixas e as classes mais altas, não deixando nunca de lado este dualismo entre elas.

Este foi o segundo livro que li deste autor e confesso que até gostei da leitura do primeiro, inclusive, já fiz resenha dele aqui no blog: http://euliaeleio.blogspot.pt/2016/03/o-conto-da-ilha-desconhecida-de-jose.html

Espero que tenham gostado do post, e se tiverem curiosidade em saber mais opiniões sobre este livro, a Mariana do blog “Banal Girl” (http://the-banal-girl.blogspot.pt/) também leu recentemente e fez resenha dele no seu blog! (É só clicar neste link para ler: http://the-banal-girl.blogspot.pt/2017/05/memorial-do-convento-resenha.html#more)
Beijinhos e boas leituras!

Lia ❤
 

domingo, 23 de abril de 2017

Dicas Para Escrever Ficção: Pormenores Importantes e Revisão da Escrita


Há uma diferença entre “contar” e “mostrar” a história ao leitor. Quando o leitor “mostra”, geralmente, a narrativa é feita em 3ª pessoa e o escritor é mais objetivo em relação ao que se passa na história. Por outro lado, quando o escritor “conta” a história, fá-lo normalmente em 1ª pessoa, acabando por ser mais subjetivo naquilo que relata.
O escritor deve ter um cuidado redobrado em relação à “verosimilhança”, deve escrever coisas que sejam plausíveis e que poderiam muito bem ser verdadeiras. Não deve fantasiar demasiado, para que o leitor não tire a conclusão de que aquilo não poderia ser algo possível de ocorrer na realidade. Os “anacronismos” também merecem atenção, por parte do escritor. “Anacronismos”, para quem não sabe, ocorrem quando as pessoas, eventos, palavras, objetos, costumes, sentimentos, pensamentos e outras coisas que pertencem a uma determinada época são erradamente retratados noutra época Deve-se adequar os objetos que estão presentes na história, com o século em que a história se passa. Não criando incongruências, no que diz respeito a se dado objeto já tinha sido inventado em determinada altura.(Como exemplo de anacronismo, podemos considerar, o uso de um telemóvel no século XIX).
O escritor também deve chamar as coisas pelo seu devido nome (por exemplo chamar “cordas” aos “cabos” que os marinheiros usam). Mesmo que o escritor não seja muito entendido na “matéria”, tem a obrigação de fazer uma pesquisa sobre o tema antes de o inserir na sua escrita. Deve levar o leitor a respeitar o seu trabalho, pelo que o escritor não ficaria bem visto, se o leitor apanhasse algum erro deste tipo.
A língua portuguesa já é por si só uma língua complicada, pelo que temos de ter muito cuidado com as palavras que usamos e com os erros ortográficos que possam eventualmente ocorrer. Hoje em dia, o escritor tem à sua disposição muita informação e ajuda na internet. Caso existam dúvidas em relação ao significado de alguma palavra, ou ao seu contexto, o escritor pode aceder a dois sites, que são muito bons: “ciber dúvidas” (https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/) e “Priberam” (https://www.priberam.pt/dlpo/).
Deve-se ter cuidado e não abusar na pontuação, principalmente nos pontos de exclamação, nas vírgulas e nas reticências. Também não é bom utilizar em demasia os pronomes pessoais (eu, tu, ele, ela…). Ter um vocabulário alargado ajuda bastante na hora de escolher as palavras certas.
Não é muito aconselhável que o escritor use muitos chavões, isto é “frases feitas”, na sua escrita (por exemplo: “É alto como uma torre”; “Fala como um papagaio”). Isto acaba por demonstrar falta de originalidade.
Pelo menos cá em Portugal existem “ditados populares”, frases que os portugueses tem o hábito de dizer há muito tempo. Esses ditados também devem ser evitados na escrita.
Deve-se evitar utilizar palavras ritmadas (que rimam) na prosa, porque acabam por distrair e confundir o leitor. O escritor também não deve utilizar muitos exageros (por exemplo: “Estás todo sujo!”, caso tenha caído um pouco de molho em cima da roupa da personagem, ela não fica toda suja)
Alguns escritores começam por descrever algo e depois dizem simplesmente que é “indiscritível”, tudo pode ser descrito e o papel do escritor é descrever o que se passa ao redor da personagem, não pode dizer que algo é indiscritível.
Na parte dos diálogos o escritor deve evitar utilizar sempre a palavra “disse”, seguida de cada fala de cada personagem, trocando-a por outras palavras ou oprimindo-a quando a sua utilização não é necessária para que o leitor entenda quem está a proferir a fala. Um autor que sabe utilizar bem os diálogos na escrita e nos serve de exemplo é Eça de Queiroz.
É bom evitar repetições de palavras, algumas delas costumam ser bastante comuns e vale a pena gastar algum tempo a rever o que se escreveu, verificando, por exemplo, se a palavra “mas” está muito repetida e caso esteja, deve ser substituída por palavras como “todavia”, “porém” e “contudo”.
Durante a revisão, para além de dar atenção à palavra “mas”, é bom dar também à palavra “assim”. Saber quando se deve utilizar a palavra “há” (vem do verbo “haver” e pode ser substituída pela palavra “existe”, não alterando o sentido da frase) e a palavra “à”. Deve-se verificar se se escreveu “ter que”, em vez de “ter de” que é a forma correta. Ter cuidado e não abusar dos adjetivos, nem usar palavras "caras" em demasia, o que acontece em muitos casos, como intuito de se mostrar que se tem esse vocabulário.
Este será o último post de "Dicas Para Escrever Ficção" (pelo menos por enquanto, quem sabe, daqui a uns tempos eu volte com mais posts neste estilo). Espero muito que tenham gostado e que estas dicas tenham sido úteis e tenham aprendido alguma coisa com elas. Qualquer dúvida que tenham, digam-me nos comentários, ajudarei no que souber!
Caso não tenham visto ainda os outros dois posts que fiz sobre Escrita de Ficção, consultem estes links:
 
Agora é só pegar num lápis e num papel, ou abrir uma folha do Word no computador e começar a soltar a imaginação!
 
Beijinhos e boas leituras!
 
Lia ❤
 

sábado, 15 de abril de 2017

10 Citações de Felizmente Há Luar!

Como referi no post em que resenhei o livro Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro, há muitas citações maravilhosas nestas modestas 140 páginas, e este post é dedicado inteiramente a elas.
Seguido da citação, coloquei o número da página onde esta pode ser encontrada, mas dependendo da edição do livro, a página pode variar um pouco.
Sem mais demoras, aqui estão elas:


“Só acredito em duas coisas: no dinheiro e na força” (página 25);

➡ “Os degraus da vida são logo esquecidos por quem sobe a escada… Pobre de quem lembre ao poderoso a sua origem… Do alto do poder, tudo o que ficou para trás é vago e nebuloso.” (páginas 31 e 32);

➡ “(…) a sabedoria é tão perigosa como a ignorância!” (página 36);

➡ “Não sou, e nunca serei, popular. Quem o for, é meu inimigo pessoal.” (página 70);

➡ “Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos?” (página 83);

➡ “Todos somos chamados, pelo menos uma vez, a desempenhar um papel que nos supera. É nesse momento que justificamos o resto da vida, perdida no desempenho de pequenos papéis indignos do que somos.” (página 89);

➡ “São tantas as portas que se nos fecham, que acabamos por ter medo das que se abrem à nossa frente…” (página 122);

➡ “Só é digno de ser amigo de alguém quem de si próprio é amigo, Matilde, e eu odeio-me com toda a força que me resta.” (página 136);

➡ “Quando os justos estão presos, só os injustos podem ficar fora das cadeias” (página 137);

➡ “Há homens que obrigam todos os outros homens a reverem-se por dentro…” (página 137).


O post é pequenino, mas achei que iriam gostar de conhecer estas citações. Espero que elas vos façam refletir e, quem sabe, despertar o interesse por este livro!

Beijinhos e boas leituras!


Lia ❤

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