Memorial do Convento, um livro de Saramago, um autor que
ganhou o prémio Nobel da Literatura no ano de 1998 e que dispensa
apresentações.
Realizei esta leitura porque é uma obra de leitura
obrigatória de 12º ano na disciplina de Português. É também um livro que não
faz o meu género, de todo, por isso o mais provável era nunca o ter lido por
livre e espontânea vontade.
O livro fala da promessa que o rei D. João V fez: a de
mandar construir um convento de franciscanos, porque um deles lhe tinha dito que
a rainha teria um filho, se o rei prometesse isso. O que é certo é que no
período de um ano (tempo estipulado pelo rei para a concretização da promessa)
a rainha engravidou. Paralelamente a este enredo, temos a história de um casal,
Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas, membros do povo, que nos mostram o
contraste entre a relação deles e a relação do rei com a rainha.
Enquanto a preparação da construção do Convento de Mafra é
feita, Baltasar e Blimunda são convidados pelo padre Bartolomeu Loureço a fazer
parte da construção da sua máquina de voar, a “passarola”.
Toda história tem em si, uma crítica das condições dos trabalhadores
do Convento de Mafra e também uma grande carga simbólica, como é o caso da
“passarola”.
Não achei que a narrativa me conseguisse prender à história,
porque facilmente me distraía a ler e havia partes da história em que não
compreendia o que se estava a passar. Acabou por se tornar uma leitura
arrastada, o que não é nada bom.
A narrativa do autor é bem peculiar e original, sendo um
“contador de histórias” acaba por optar em não seguir as regras da estrutura comum
na literatura. As falas dos personagens, por exemplo, são seguidas umas das
outras sem que exista o normal “ponto final, parágrafo, travessão”, são apenas
separadas por vírgulas e iniciadas por letras maiúsculas.
Reparei que, pelo menos neste livro do autor, ele enumera
com muita frequência as coisas, acho que com o objetivo de reforçar a ideia que
quer expressar, mas na minha opinião é informação desnecessária e que acaba por
entediar o leitor.
Uma característica que nunca tinha encontrado, até hoje, em
mais nenhum autor, é que aparentemente do nada, o narrador dá-nos spoiler de um
acontecimento futuro. Reparei que aconteceu pelo menos duas vezes, e era um spoiler
referente à morte de um personagem (neste caso de dois personagens), mas essa
morte só é consomada passados uns meses.
Saramago faz imensas referencias a personagens e a momentos da obra Os Lusíadas de Luís de Camões e também faz constantemente, referencias a Deus e à religião cristã, e como pessoalmente, não sou uma pessoa católica praticante, não gostei muito de ver tantas referencias a este tema.
Mas nem tudo são pontos negativos, o autor tem o dom de usar
a ironia de uma forma espectacular, assim como o sarcasmo, satirizando as
diferenças que existem entre as classes mais baixas e as classes mais altas,
não deixando nunca de lado este dualismo entre elas.Este foi o segundo livro que li deste autor e confesso que até gostei da leitura do primeiro, inclusive, já fiz resenha dele aqui no blog: http://euliaeleio.blogspot.pt/2016/03/o-conto-da-ilha-desconhecida-de-jose.html
Espero que tenham gostado do post, e se tiverem curiosidade
em saber mais opiniões sobre este livro, a Mariana do blog “Banal Girl” (http://the-banal-girl.blogspot.pt/)
também leu recentemente e fez resenha dele no seu
blog! (É só clicar neste link para ler: http://the-banal-girl.blogspot.pt/2017/05/memorial-do-convento-resenha.html#more)
Beijinhos e boas leituras!
Lia ❤