O livro passa-se numa sociedade apocalitica em 2140. Nesta altura a ciência descubriu como tornar os humanos imortais, mas, dada a escassez de recursos, a imortalidade só é garantida à custa da renúncia à descendência, ou seja, quem quer ser imortal não pode ter filhos, e quem quebra esta regra sofre consequências aterradoras. O Pacto é o compromisso que sela tal decisão.
Para perceber melhor a sociedade em que a história está inserida, conhecemos a Anna que é uma rapariga Excedente, por outras palavras, é filha de pais que tinham assinado o Pacto. Ela foi encontrada pelos guardas e entregue a uma instituição que cuida dos Excedentes até à adolescência e educa-os para servirem o Legítimos (as pessoas imortais que assinavam o Pacto), essa instituição chama-se Grange Hall.
Nessa instituição as pessoas que educam os Excedentes fazem-nos acreditar que não merecem estar vivos, que são um fardo para a Mãe Natureza e que se devem redimir trabalhando para os Legítimos durante a sua vida que não é eterna como a dos seus patrões.
Anna odeia os seus pais por a terem posto no mundo, mesmo não os conhecendo, e a única coisa que quer é redimir-se pelos erros que os pais cometeram.
Será que ela decide fugir na companhia deste desconhecido, ou estará tão bem ensinada pela Grange Hall que não acredita nas palavras dele?
É fantástica a escrita desta autora e apesar de ser narrada na terceira pessoa, algo que eu não costumo gostar muito, ficamos a par da história conhecendo bem os sentimentos da Anna através de um diário onde ela escreve secretamente. Este livro não foca de todo no romance adolescente, mas sim na sociedade em que eles estão inseridos, dando a conhecer a forma como as mentalidades estão de tal maneira feitas que quando confrontadas com a verdade não querem acreditar de maneira nenhuma. Isto deve-se às desculpas credíveis que são contadas e recontadas vezes sem conta às pessoas e principalmente às crianças e adolescentes de Grange Hall.
Enquanto lia o livro eu dizia para mim mesma como é que era possível que não percebessem que tudo aquilo eram mentiras, mas sei reconhecer que se eu estivesse no lugar da Anna, por exemplo, faria o mesmo e agiria da mesma forma, conforme as regras impostas.
A obra é maravilhosa e dá-nos a conhecer pessoas com uma mentalidade incrivelmente alterada daquilo que realmente se passa. Faz-me questionar se também a mentalidade que a sociedade me impõe será a que corresponde à verdade ou se tal como a Anna sou apenas um fantoche no meio de tudo isto.
De qualquer maneira, eu super recomendo este livro a quem ainda não leu e principalmente a quem ama distopias, tipo eu , ou para quem se interessa por histórias deste género em que as pessoas tem uma mentalidade completamente construida pela sociedade em que estão inseridas.